Alexandre Assine (Curitiba, 1988) é formado em Letras na Universidade Federal do Paraná e atua como revisor de textos no serviço público. Mora no distrito de Barão Geraldo, em Campinas-SP.
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manifesto [1]
é preciso renunciar ao poder
é preciso despir-se do poder
é preciso
……………….despir-se
e amar ainda que pouco
……………………mas nu
com a sinceridade visceral das veias
e o limiar de dor e deleite
……………….……………….da pele
……………….……………….……………….…………..pois nus somos
……………….……………….……………….…………..apenas …………...e terra
……………….……………….……………….…………..onde habitem sementes
……………….……………….……………….…………..e se derrame o céu
§
manifesto [2]
negar o poder
negar o poder
……………………até o limite:
as raízes úmidas na dor
o chumbo dos sonhos no sangue
até ser livre como adão
……………………………..num jardim possível
ervas esparsas ……flores miúdas
entre areais e cinzas
§
Propriedade
temos o tamanho de nosso ossos
e a carne em combustão
de esclerose
……………………e sonho
temos as cores da aurora
nos olhos refletidas
no romper de uma manhã
…………………………………………alguma
e outras cores, também findas
das mesmas manhãs finitas
em estilhaços de memória
e temos armas de palavras
a armadura dos conceitos
na luta de todos
……………………e sozinha
contra o vazio
……………………….e o silêncio
temos a forma da busca
e do que a busca em si encerra
o encaixe de um corpo
………………………………..no outro
o encaixe de um corpo na terra