Mais uma versão do Rumi via Coleman Barks. Faço apenas uma observação: existem dois sufis citados no poema, Hallaj, místico do século IX-X que foi condenado à morte por suas afirmações paradoxais que beiravam a blasfêmia, e Shams, o grande mestre espiritual de Rumi. Como o poema anterior, encontrei esse no livro Rumi: bridge to the soul (n. 15, p. 48).
amantes encontram lugares secretos
neste mundo violento
onde fazem acordos
com a beleza
a razão nega: absurdo
vasculhei e medi as muralhas
não existem tais lugares
o amor diz: existem
a razão abre o mercado
e começa seus negócios
o amor tem um trabalho oculto
Hallaj se afasta do púlpito
e sobe os degraus rumo à forca
amantes percebem a verdade interior
pessoas racionais a negam
é razoável dizer: render-se
é apenas uma idéia que impede as pessoas
de guiar suas próprias vidas
o amor responde: não
é esse pensar o perigo
usar a linguagem torna obscuro
o que Shams trouxe
todo dia o sol se levanta
das nuvens de palavras baixas
às chamas do silêncio
bernardo brandão